Observando é que se aprende...
Observando é que se aprende...
Por Marcos Monteiro
Observar. Palavra de três sílabas, fácil de falar, mas com uma profundidade imensa se for bem aproveitada. Foi assim, observando durante 12 anos seu trajeto de Duque de Caxias (Baixada Fluminense) e/ou Irajá para estudar em áreas nobres do Rio de Janeiro que Ludmila Hastenreiter vislumbrou o Empoderamento Contábil.
“E enquanto atravessava a cidade eu percebia a necessidade que xs microempreendorxs daqui tinham em receber informação e treinamento de qualidade, numa linguagem descomplicada e num preço acessível a nossa realidade periférica. ”, comenta Ludmila.
Com o passar dos anos, Ludmila percebeu que prosperar em uma carreira corporativa seria abdicar de suas convicções e parte de sua essência como mulher, negra e oriunda da periferia. “Em alguns momentos me sugeriram que eu não fosse tão feminina, eu deveria me masculinizar pra impor respeito, tentasse não ser tão negra, agisse como se injustiças fossem normais...”, relata.
E como se não bastasse todo esse preconceito racial, machismo que arregaçava as mangas na expectativa de desestimulá-la, o pensamento de que somente um emprego com carteira assinada iria lhe abrir portas - pensamento muito comum na periferia, segundo ela – pairava sobre sua cabeça. A decisão, mesmo com todas as dúvidas e incertezas, foi tomada e tornou-se fundamental para o seu empoderamento como mulher / profissional / empreendedora, a de confiar no impacto que o seu trabalho teria na sociedade e não apenas nas quatro paredes de um escritório. Assim, o Empoderamento Contábil começava a sair do forno de projetos.
“Empoderamento Contábil surgiu do desejo e incômodo igualmente latentes em mim de ser uma ponte entre mundos tão distintos em que me dividi por mais de 10 anos, de retribuir aos meus iguais todo o conhecimento que conquistei através de muito estudo e trabalho, de adaptar as técnicas utilizadas em grandes empresas à dura realidade de se empreender na periferia e de empoderar mulheres através do conhecimento. ”, explica Ludmila.
Ludmila enxerga as mulheres como embaixadoras do dia a dia dos direitos humanos, da educação, da igualdade de gênero, do bem-estar social. E afirma que a mulher necessita ocupar todos os espaços e disseminar e influenciar conhecimentos, seja os adquiridos pelo senso comum (sabedoria popular) ou conhecimento científico.
E começar a se dedicar é o primeiro passo para as mulheres que desejam empreender de alguma forma. A partir disso “atrever-se a inovar é fundamental e principalmente, criar uma forma diferente de olhar o que já foi visto tantas vezes antes” para alcançar o sucesso com tão pouco.
A entrevista completa realizada pelo nosso colaborador Marcos Monteiro, pode ser acessada clicando nesse link.
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